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História do Skate: A Onda no Concreto

História do Skate: A Onda no Concreto

Da ideia de surfar no asfalto, criou-se uma nova modalidade que ganhou o mundo. Podemos dizer que o resumo da história do skate é a onda no concreto.

No final da década de 1950 na Califórnia, Estados Unidos, surfistas cansados de esperarem por ondas decidiram “surfar” no asfalto. Foi então que pegaram as rodinhas dos patins e improvisaram um novo equipamento em um pedaço de madeira.

Segundo a Federação Internacional de Skateboarding (ISF), o skateboarding era chamado de sidewalk surfing (surf de calçada, em tradução livre).

Com gritante influência urbana, a nova brincadeira nasceu carregada com o peso da música e da rebeldia jovem.

Na década de 60, o esporte cresceu rapidamente e começou a ter suas próprias manobras e estilos. Além disso, o nome da modalidade mudou definitivamente para Skateboarding.

A consolidação do esporte tomou ares mais populares entre os jovens e a comercialização dos skates – com novos materiais – começou a tomar corpo. A icônica “Roller Derby” produzia os shapes retos. E, junto com ela, a “Makaha” entrou no mercado como a primeira a produzir shapes em formato de pequenas pranchas de surf.

 

Larry Stevenson e menino montando skate

1963: O PRIMEIRO DE MUITOS CAMPEONATOS DE SKATE

No ano de 1963 rolou a primeira competição de skate registrada na história, na cidade litorânea de Hermosa Beach, vencida pelo americano Larry Stevenson.

Richard Lawrence “Larry” Stevenson tinha a competitividade nas veias. Ele foi o inventor do kicktail, a ponta dobrada para cima de um skate, que tornou possível a maioria das manobras no skate.

Stevenson fundou a marca Makaha junto com a sua esposa, produzindo manualmente os skates na garagem de sua casa, e formou um time de peso.

Nomes como Bruce Logan, Woody Woodward, Danny Bearer, Scott Archer, Gregg Carroll, John Fries, Joey Saenz, Goerge Trafton Jr. e Squeek Blank começaram a se destacar.

O skate, mesmo após algumas evoluções, ainda era ligado ao surf e muito influenciado por ele, com praticantes alternando os dois esportes.

Tony Alva

“SURF EM PISCINA” E O SKATE COMO ATO POLÍTICO

Com a chegada dos anos 70, os skatistas queriam mais adrenalina. Descobriram que era possível andar de skate nas piscinas que ficavam vazias ao redor das cidades com a estiagem d´água na Califórnia.

Com a falta de boas ondulações nas praias da Califórnia, os surfistas sentiram a necessidade de botar pra baixo. Os adeptos começaram a buscar por piscinas vazias para praticar o vai-e-vem.

Nessa década o skate avançou mais um nível. Era inventada, em 1974, a rodinha de poliuretano, um marco de transformação do esporte.

O skate acabou se ligando intrinsicamente à nova cultura que nascia na época, mix de movimento hippie com tendência fashions de moda e muito rock & roll, seguido pela mutação da new wave e a intromissão feroz do punk – que transformou o skate em um verdadeiro ato político.

Outro grande salto no skateboarding foi a criação de novas modalidades: Slalom, Downhill, Freestyle e Vertical; no seu ato mais arrojado.

A EXPLOSÃO DO SKATE NOS EUA E O SURGIMENTO DOS Z-BOYS

O skate explodiu nos Estados Unidos. A Califórnia, que tinha influências intrínsecas com o surf, ganhou uma nova versão, bem mais agressiva e alternativa. Novos grupos se formaram e, com o popularização do esporte entre os jovens, times foram constituídos.

No calor do movimento nasceu o Z-Boys (Zephyr Competition Team), lendário grupo de skatistas de Santa Monica e Venice Beach, responsáveis por uma revolução na forma de se andar de skate.

Também conhecidos como Dogtown, os Z-Boys eram formados por Jay Adams, Tony Alva, Stacy Peralta, Bob Biniak, Shogo Kubo, Allen Sarlo, Nathan Pratt, Jim Muir, Chris Cahill, Paul Constantineau, Peggy Oky e Wentzle Ruml.

O time da skateshop Zephyr inovou com slides cada vez mais radicais e também no vertical, puxando os limites do esporte.

Skate no Brasil

O “SURFINHO” E O “ESQUEITE” NO BRASIL

No Brasil, os precursores da modalidade eram do Rio de Janeiro. Incialmente, o esporte era conhecido como “esqueite” e “surfinho” – pela ligação com a turma de surfista.

A modalidade engatinhou por toda a década de 60 e precisou esperar até os anos 70 para realmente começar a crescer. Em 1976  foi inaugurada a primeira pista do Brasil e da América Latina, na praça Ricardo Xavier da Silveira, em Nova Iguaçu (RJ).

Nos anos 80 apareceram as primeiras rampas de madeiras, instaladas em ruas, praças e quintais. A partir daí foi criado o “street”, ampliado com manobras em corrimão, paredes e escadas. O street contribuiu, naquele período, para que o estilo vertical fosse deixado um pouco mais de lado. Contudo, deixou o esporte mais acessível.

Depois da derrocada do Plano Collor e a falências das marcas nos anos 80, o esporte renasceu com o surgimento das revistas especializadas. Os campeonatos nacionais começaram a ficar grandes e atrair ícones internacionais como Tony Alva e Tony Hawk.

Bob Burnquist

“DIGO” MENEZES, SANDRO DIAS, BOB BURNQUIST E PEDRO BARROS

Os anos 90 foram os anos de ouro da cultura do skate no país. Rodrigo “Digo” Menezes rompeu a barreira ao ser o primeiro brasileiro campeão mundial da modalidade vertical.

Um dos maiores nomes da história do skate, o brasileiro Bob Burnquist, foi eleito o melhor skatista do mundo em 1997, e repetiu o feito na categoria vertical. Carlos Andrade, “O Piolho”, foi campeão mundial na categoria street.

As conquistas prosseguiram! Em 2002, Rodil de Araújo Júnior “O Ferrugem” conquistava o mundial na categoria street. E em 2003, Sandro Dias, “O Mineirinho”, começava a sua jornada de títulos mundiais, repetidos em 2004, 2005, 2006 e 2007.

Ainda em 2006, as mulheres entrarem para história, com a skatista Karen Jones conquistando o título mundial no feminino, na categoria vertical. Enquanto Bob Burnquist, conquistava outros títulos nos X-Games e na Megarampa.

De lá para cá, muitos outros títulos chegaram e novos nomes ganharam os holofotes. Movimentos regionais nasceram, tais como os RMTF de Florianópolis, com Pedro Barros, campeão mundial de Bowl – modalidade que conquistou o público, Felipe Foguinho, Vi Kakinho e alguns outros surfistas.

O Rio Tavares Mother Fuckers é pura atitude, um movimento legítimo que tomou a cena e inspirou a toda uma geração, com skate em bowl, surf, música, artes e cerveja gelada. Pistas em formato de bowl e outros começaram e pipocar pelo Brasil e uma legião de novos skatistas nasceram, puxando com eles a valorização de toda a cadeia do esporte.

Em 2016, vendo a proporção que o esporte de quatro rodinhas tomou ao redor do mundo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou o skate como modalidade integrante dos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio. Nomes como Pâmela Rosa, Rayssa Leal, Letícia Bufoni, Pedro Barros, Pedro Quintas, Luiz Francisco, Yndiara Asp, Kelvin Hoefler snao candidatos a medalhas de ouro.

Pedro Barros

Colaborou / Texto Lucas D’Assumpção

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