Na Bahia, uma dupla de garotas, Anne Cavalcanti e Tiala Rocha plantaram uma semente no cenário de shapers predominantemente masculino. O projeto de fabricação de pranchas chamado Congo Project é uma lição de força, determinação e talento do surf brasileiro.
A semente na verdade é um Mandacaru, planta típica da regiões Norte e Nordeste, que cresce em lugares absolutamente secos, também conhecido popularmente como Cacto. E foi no meio desse chão rachado pelo Sol, que as surfistas foram buscar água salgada.
Anne Cavalcanti nasceu em Recife (Pernambuco). E segundo a própria, não pensava em surfar por conta dos casos de tubarões abundantes na cidade. A distância dos outros picos também era um empecilho para buscar novas ondas.
Na época, meados de 2015, ela trabalhava no aeroporto de Salvador quando tomou uma decisão radical; pediu demissão depois de fazer formação profissional para shapers no Rio de Janeiro, com aulas práticas do shaper Henry Lelot, que tem um curso temático sobre o assunto. Foi amor à primeira vista, e Ane passou a se dedicar à sua nova empresa, que fica em Itapuã.
Já sua parceira Tiala Rocha tem skate correndo nas veias desde os 9 anos. Ela aprendeu a surfar apenas aos 16, mas evoluiu muito rápido. A história é curiosa, pois ela não sabia nem nadar… Resultado: se lançou para o mar instigada pelos amigos da escola e seguiu uma curta carreira de competições no surf. Quando começou, era a única mulher no outside de Jaguaribe. Hoje, tem surf no pé.
NORDESTE BRASILEIRO X ÁFRICA NEGRA
O Congo Project tem por objetivo conectar a cultura nordestina à diáspora africana – nome que se dá ao fenômeno sociocultural e histórico que ocorreu em países além do continente africano devido à imigração forçada, por fins escravagistas mercantis que penduraram da Idade Moderna ao final do século XIX, de africanos.
Congo é um país africano que foi marcado por resistências e lutas, de onde descende grande parte da população brasileira. O mandacaru – imagem que simboliza o projeto – como dissemos é uma planta resistente do nordeste brasileiro. Elas combinaram esses dois símbolos de resistência que dão bastante força e sintetizam essas ideias inovadoras para o surf baiano, com a raiz pernambucana, brasileira e mundial.
MULHERES RESISTÊNCIA PROJECT!
Essa dupla de mulheres têm como objetivo principal incentivar o surf nacional, o surf feminino e valorizar a cultura dentro do esporte.
A fábrica produz pranchas com um elevado grau de autenticidade, na busca do desenvolvimento de novas técnicas, resgatando as origens locais.
Anne Cavalcanti declarou para a ALMA SURF que o shaperoom teve que ser fechado durante esse período de Pandemia. Mas ela riscou a palavra desistir de seu dicionário.
“Bem no momento que estávamos ampliando as instalações, ficou muito difícil trabalhar com as restrições provocadas pelo caos do Coronavírus e consequente a crise econômica. Os materiais e equipamentos para fabricação de pranchas sumiram aqui no Nordeste. Mas somos resistência, a Congo Project não vai desistir nunca, a marca vai voltar mais forte. Temos uma causa para representar, é nossa responsabilidade buscar diferentes meios de manifestação.”
Para conhecer mais, acesse o instagram do Congo Project. E também das shapers Anne Cavalcanti e Tiala Rocha.
Assista ao vídeo “Elas, o Surf e um Mandacaru”, do canal Inspire & Conte-me, para conhecer a origem do projeto Congo Project.
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