Muito além da dobradinha brasileira na Austrália

Muito além da dobradinha brasileira na Austrália

O Brasil fez um dobradinha em Margareth River. Um dos templos sagrados do surfe australiano. Foi emocionante ver 2 brasileiros, Tatiana Weston-Webb e Filipe Toledo, uma mulher e um homem, no lugar mais alto do pódio numa prova da primeira divisão do surfe mundial. Foi a primeira vez que isso aconteceu. E pelo visto não será a última. O fato é que de agora em diante os nomes de Filipe e Tatiana estarão para sempre gravados na escadaria do “Main break” de Margareth River.

Depois de um ano difícil Filipe Toledo parece ter se reconectado com as vitórias, justamente no dia do aniversário do seu filho mais novo, Koa. E, obviamente, acabou dedicando sua vitória a ele.

Durante todo o evento Filipe foi capaz de manter sua cabeça no lugar. E assim foi recuperando a confiança que parecia ter perdido, até atingir o pico da sua performance na final contra o sul africano Jordy Smith.

Quando engatou a quinta marcha, surfou a melhor onda do dia (9,0) e conquistou mais uma vitória, a nona da sua carreira.

BRASIL X ÁFRICA DO SUL – FILIPE TOLEDO X JORDY SMITH

Foi a terceira vez que Filipe e Jordy se encontraram numa final. Sendo que nas duas primeiras vezes Filipe já tinha levado a melhor. Com esta vitória Filipe Toledo saiu da sombra de Ítalo Ferreira e Gabriel Medina e entrou definitivamente na briga por um lugar entre os top 5 que em setembro, em Trestels, na Califórnia, irão decidir o título mundial desta temporada.

No caso de Jordy foi sua primeira final nesta temporada. E o sul africano sai de Margaret em 4 lugar no ranking mundial e, pelo menos momentaneamente, classificado à disputa das finais de setembro, em Trestles.

Na final Jordy largou na frente com uma nota 8,0. Mas Filipe repetiu o que vinha fazendo desde o início desta etapa: atacou as ondas com suas viradas na base, seu surfe de borda, rápido e poderoso. Jogando muita água nas manobras. Uma combinação de velocidade, força e precisão. E venceu com as duas maiores notas da bateria : 9,0 e 8,4. Placar final : 17,40 x 14,23. Foi a nona vitória de Filipe na primeira divisão. E graças a ela o brasileiro está em terceiro lugar no ranking mundial.

A BAIXA DE JOHN JOHN FLORENCE

Porém nem tudo foi alegria em Margaret. Uma nota triste foi a nova lesão do havaiano John John Florence. Depois de surfar a única nota 10 do campeonato, JJF era um dos favoritos para conquistar seu terceiro título em Margaret. Mas infelizmente o bicampeão mundial acabou abandonando a disputa nas quartas-feiras final, depois que sofreu mais uma lesão num de seus joelhos. Algo que não o impediu de continuar entre os top 5 do atual ranking mundial – e pelo menos até agora classificado para disputar as finais em setembro, em Trestles – mas que pode deixá-lo de fora dos jogos olímpicos de Tóquio, previstos para serem disputados em julho de 2021.

QUEM É O SURFISTA MAIS RÁPIDO DO TOUR?

Com JJF fora e apenas dois brasileiros entre os 8 finalistas, a última bateria das quartas de final, entre Filipe Toledo e Ítalo Ferreira, foi uma das mais aguardadas. Uma espécie de disputa particular para decidir quem é o surfista mais rápido do Tour na atualidade. Filipe largou na frente com um 6,0. Enquanto Ítalo caiu nas suas três primeiras ondas, algo difícil de acontecer. Mas depois de pegar a melhor onda da bateria (8,0) e finalizar com uma daquelas manobras que só mesmo ele parece ser capaz de completar, Ítalo passou a liderar a disputa. Mas quando restavam menos de 10 minutos para o final da bateria, Filipe surfou sua melhor onda (7,90) e tomou a ponta de novo. E mesmo com a melhor onda da bateria Italo acabou sendo eliminado: 13,90 x 13,73.

TATIANA BOTA PRA BAIXO EM ONDA GRANDE 

Entre as mulheres, Tatiana Weston Webb chegou à sua segunda final em Margaret River. Da primeira vez ela foi derrotada pela californiana Lakey Pettersen. Desta vez Tatiana enfrentou a australiana Stephanie Gilmore.

Sete vezes campeã mundial e considerada a melhor surfista de todos os tempos, Stephanie, que também estará em Tóquio, representando a Austrália, não deixou barato e quase virou o resultado na sua última onda. Tatiana garantiu a vitória graças às finalizações de suas duas melhores ondas (8.50 e 7.73), ambas determinantes para garantir a sua vitória sobre Stephanie Gilmore.

Tatiana provou que vem evoluindo em termos de resultados e ganhando confiança durante a perna australiana. Depois do segundo lugar em Narabeen, a brasileira conquistou a segunda vitória da sua carreira no CT – ela venceu o US Open, em Huntigton beach, alguns anos atrás – e agora ocupa a vice-liderança no ranking mundial. Um belo resultado que ela alcançou vencendo algumas das melhores surfistas da atualidade, entre elas as campeãs mundiais Tyler Wrigth e Stephanie Gilmore.

O surfe de Tatiana parece crescer de acordo com o tamanho das ondas. Principalmente de backside. Foi a melhor performance da sua carreira, algo que com certeza vai lhe dar ainda mais segurança. Não apenas para as próximas etapas do WCT Tour, mas também para lutar por uma medalha nas olimpíadas de Tóquio.

TRISTEZA DA FAMÍLIA MACAULAY

A outra nota triste desta quarta etapa da temporada foi a morte de Jack Macaulay, filho do veterano campeão Dave Macaulay, e irmão de Bronte Macaulay, que disputou a semifinal contra Tatiana Weston Webb. Locais do oeste da Austrália, e muito queridos por todos no Tour, os Macaulay mostraram resiliência e dignidade, mesmo em meio a uma tragédia familiar.

Com os resultados da etapa de Margaret, três brasileiros – Gabriel, Ítalo e Filipe – estão entre os três primeiros do ranking. John John é o quarto e Jordy o quinto colocado. Correndo por fora vêm Kanoa Igarashi – que deu mole e cometeu uma interferência durante sua bateria contra Matthew McGillivray – e o californiano Griffin Colapinto, que acabou em terceiro lugar pela segunda vez seguida nesta temporada.

Até agora foram quatro etapas e quatro campeões diferentes. Se Medina está na frente, é porque foi o único dos 4 atuais primeiros colocados a disputar três finais: Pipeline, Newcastle e Narabeen.

Depois de 3 de suas 4 provas, a perna australiana vem sendo dominada pelos brasileiros. Ítalo, Gabriel e, agora, a dobradinha Tatiana e Filipe não deixa dúvidas sobre a atual supremacia do surf brasileiro no início desta temporada do circuito mundial.

Semana que vem o circo da WSL será instalado em Rottnest island, que fica perto da cidade de Perth, a capital do Oeste da Austrália. E mais uma vez os brasileiros são os favoritos.

Dica da ALMA SURF: Clique a acabe com a sua curiosidade sobre Rottnest Island.

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