Esqueletos encharcam a praia de Kentaro Yoshida

Esqueletos encharcam a praia de Kentaro Yoshida

Esqueletos bad boys encharcados de água salgada, bebendo cervejas e drinks aos tonéis em meio ao caos psicodélico do surf. Essa é uma das fortes mensagens da obra de Kentaro Yoshida, que disseca a sua relação atrativa pelo mar e a cultura de praia australiana.

O ilustrador que busca contraste em tons pastéis, nasceu em uma vila de Toyama, no Japão. E foi na nessa província que o ilustrador evoluiu sua consciência ecológica, ao viver em uma região considerada modelo para o meio ambiente; uma das primeiras cidades do mundo a cobrar pelos sacos plásticos utilizados em supermercados.

Aos 18 anos de idade, em busca de praias ensolaradas e um estilo de vida mais equilibrado no surf, Kentaro decidiu se mudar para Austrália. Cravou residência em Mainly e estudou design na University of Technology Sydney. Agora casado e com filho, mudou-se para cidade de Collaroy, em busca das areias macias e das boas ondas do norte do estado mais cosmopolita da Austrália.

DAS ESCULTURAS EM BARRO AO DESIGN DIGITAL

Ainda no Japão, passou a infância no estúdio de artesanato de sua mãe, que manipulava materiais em vidro. Mas foi com o barro, que Kentaro começou a dar vida aos seus personagens no formato de bonecos.

O start na carreira de designer teve início como um estágio na O’Neill, onde caveiras e monstros japoneses materializaram estampas em camisetas, bonés e shapes de skates. Hoje, as criações de Kentaro Yoshida transitam entre a arte tradicional feita à mão, e mídias digitais, aprimoradas na tela de um tablet ou computador.

“É tudo meio que baseado em rabiscos que eu costumava fazer na escola, muitos desenhos de personagens de quadrinhos japoneses. Com o tempo, incorporei meu estilo de vida de surf na Austrália, que tem muita cultura visual e criativa.” – Kentaro Yoshida

 

DO JAPÃO A AUSTRÁLIA PARA QUEBRAR BARREIRAS

O traço ousado, muitas vezes renderizado, é uma representação divertida e sutilmente melancólica de cenas que misturam o surf e a vida cotidiana, com ilustrações carregadas de sátira

“Já estou na Austrália há um bom tempo, e nos últimos anos percebi que inconscientemente tentei com bom senso traduzir o humor australiano. A maioria das ideias são baseadas em minhas memórias e experiências que tive em Manly. Eu simplesmente quero fazer festa para os meus amigos, para que se divirtam enquanto desfrutam da minha criatividade.” – Kentaro Yoshida, sobre a exposição “Time Flies”, em entrevista para o LWA.

DA MARVEL À DISNEY EM SURF CAOS

O artista japonês acredita que a vida se torna mais fácil quando se pula obstáculos, tanto no cotidiano como na transcrição de arte, que resulta em mensagens subliminar.

“Mesmo que você esteja desenhando e vendo muitas tendências mudando ano a ano ou mesmo mês a mês, você meio que tem que se ater ao que quer e pode fazer, o que significa desenhar a mesma coisa repetidamente. Às vezes, você precisa quebrar as barreiras”.

DANÇA DAS FORÇAS DA VIDA

A identidade marcante dos esqueletos amalucados iluminados na maioria das vezes pelo sol, tem explicação clara na obra do surfista japonês.

“Eu gosto dos mangás de gangues de motoqueiros. Os esqueletos sempre estiveram nas costas das jaquetas. Mas em uma arte tão popular, sempre me certifico de que tudo que crio seja meu próprio estilo, de minha maneira única.” – Kentaro Yoshida

Kentaro Yoshida é fã das criações dos anos 80 e 90, artistas consagrados como Jim Phillips (Hall da Fama do Skate) e o novaiorquino Jeremy Fish. Ele valoriza as suas influências, quando mistura os gostos da juventude com experiências adquiridas.

Citado como um dos ilustradores mais empolgantes da Austrália, Kentaro já trabalhou com marcas de destaque na cena internacional. Grifes como Apple, Armani Exchange, BMW, Levi’s, Vans, Under Armor, Sony, Converse, Billabong, Globe, Hurley e New Era.

Assumidamente influenciado pela música, o artista também ilustrou posters de várias bandas, entre elas Pixies e Blink-182.

“Minha inspiração vem da interminável dança entre as forças positivas e negativas da vida. Originalmente, é baseado no contraste de uma noite fora e da manhã seguinte. Divertir-se demais à noite é o lado positivo, e lutar no dia seguinte é o lado negativo. Este é apenas o ponto de partida do conceito, pois pretende ser interpretado de muitas maneiras diferentes e representar qualquer justaposição negativa/positiva na vida.” – Kentaro Yoshida, na expo Made by You da Converse para Fashion Journal.

VEJA A GALERIA DE KENTARO YOSHIDA

 

 

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