Tempestade brasileira varre a Austrália

Tempestade brasileira varre a Austrália

A tempestade brasileira varreu a Austrália. E Gabriel Medina foi o grande protagonista. Depois de iniciar a temporada com uma final em Pipeline, Gabriel chegou nas ondas australianas na melhor forma de sua carreira. E no final das contas disputou três das quatro finais em “Down Under”. Venceu duas delas e agora está isolado na liderança do ranking mundial.

Gabriel Medina tem cerca de 8.000 pontos na frente de Ítalo Ferreira, atual segundo colocado. Mas se a liderança de GM é inquestionável, ela serve acima de tudo pra reafirmar a supremacia brasileira durante a perna australiana: 4 vitórias em 4 finais!

Ítalo Fereira e Filipe Toledo também não deixaram barato. Cada um deles venceu uma final – Ítalo em Newcastle e Filipe em Margareth River – e o resultado são 3 brasileiros entre os top 5 do ranking após as provas australianas.

Gabriel, Ítalo e Filipe seguem para Califórnia, onde a próxima etapa será disputada numa piscina de ondas, como os grandes favoritos para conquistar não apenas mais uma vitória neste ano, mas acima de tudo o título mundial da temporada.

Gabriel Medina e Sally Fitzgibbons

O SURF AUSTRALIANO ESTÁ EM DECADÊNCIA? A RESPOSTA É SIM!

 Por outro lado, o surfe australiano que já dominou o cenário profissional durante décadas, tem apenas um representante entre os Top 5 do ranking, o jovem estreante Morgan Cibilic. O fato é que o surf australiano se encontra em plena decadência, principalmente depois que Joel Parkinson e Mick Fanning – os dois últimos surfistas australianos a conquistar um título mundial – se aposentaram.

E a geração seguinte de Julian Wilson e Owen Wright, ainda não conseguiu conquistar nenhum título mundial. Por outro lado, parece estar surgindo uma nova geração – liderada por surfistas como Morgan Cibilic e Lian O’Brien – que tem a difícil missão de recolocar a Austrália no topo do surf mundial. Mas antes vão precisar combinar com os brasileiros. O sul-africano Jordy Smith completa a lista dos 5 primeiros do ranking mundial.

Resumindo: com 4 vitórias brasileiras nas 4 provas australianas, e com 3 brasileiros entre os 5 primeiros do ranking atual, a tempestade brasileira varreu a Austrália de leste a oeste e não deixou dúvidas sobre qual nação domina o atual surf profissional.

Ítalo Ferreira e Gabriel Medina

MEDINA E ÍTALO: RIVALIDADE QUE SERÁ EXPOSTA EM TÓQUIO

A quarta e última prova da perna australiana foi disputada em Rottnest island. Uma pequena e pitoresca ilha no oeste da Austrália. Entre os 4 finalistas, dois eram australianos, os já citados Cibilic e O’Brien, respectivamente um estreante e um convidado – enquanto os outros dois eram os brasileiros Ítalo Ferreira e Gabriel Medina, ambos campeões mundiais.

Vale lembrar que o Lian O’Brien é um jovem surfista australiano, local de Burleigh Heads, que estreou no CT na etapa de Rottnest e causou a maior surpresa ao eliminar Filipe Toledo, campeão da etapa de Margareth River, terceiro colocado no ranking e um dos favoritos ao título desta temporada.

A semifinal entre Gabriel e Ítalo foi uma espécie de revanche não oficial das finais do Pipemasters 2019 e de Newcastle 2021. Em ambas as ocasiões Ítalo levou a melhor. O detalhe é que Ítalo é o único surfista do Tour que tem um retrospecto favorável contra Medina. Se em Pipeline os dois disputaram o título mundial daquela temporada, em Rottnest estava em jogo a liderança do ranking após a perna australiana.

Tanto Ítalo como Gabriel haviam disputado baterias difíceis nas quartas de final. Gabriel vinha de uma vitória dramática contra o californiano Conner Coffin, enquanto Ítalo travou um duelo de aéreos contra Yago Dora.

Miguel Pupo

YAGO DORA CRAVA POTENCIAL E MIGUEL PUPO RECUPERA CONFIANÇA

Mesmo sendo eliminado pelo atual campeão mundial, Yago chegou pela segunda vez a uma quarta de final na perna australiana. Uma demonstração incontestável do seu potencial como competidor. Yago tem talento e técnica suficientes para, num futuro próximo, disputar um título mundial. Vale lembrar que nas oitavas de final, contra o australiano Connor O’Leary, ele somou 18,67, a maior pontuação desta etapa e a segunda maior da temporada até agora.

Miguel Pupo foi outro surfista que chamou a atenção em Rottnest, principalmente durante sua bateria contra o taitiano Michel Bourez, quando surfou dois tubos e ainda completou um aéreo com uma rotação perfeita. Infelizmente Miguel não conseguiu repetir a mesma performance nas quartas de final, quando foi eliminado pelo australiano Lian O’Brien. Mas o surfista paulista parece estar recuperando sua confiança e pode sim chegar mais longe nas próximas etapas.

Morgan Cibilic

Morgan Cibilic

MORGAN CIBILIC: A NOVIDADE AUSTRALIANA

Antes da perna australiana, pouca gente havia ouvido falar em Morgan Cibilic. Estreante nesta temporada, o jovem australiano já tinha brilhado na etapa de Newcastle, quando chegou até as semifinais e foi eliminado por Gabriel Medina.

Em Rottnest, Morgan eliminou dois de seus compatriotas: Julian Wilson nas quartas de final e o novato Lian O’Brien numa das semifinais, e fez a primeira final da sua carreira, logo na sua primeira temporada.

Sorte de principiante? Só o tempo dirá. Vale lembrar que Morgan derrotou John John Florence duas vezes seguidas na perna australiana – em Newcastle e em Narabeen – e está em quinto lugar no ranking depois da Austrália.

RESENHA SOBRE A SEMIFINAL ENTRE MEDINA E ÍTALO EM ROTTNEST

Na segunda semifinal entre os dois primeiros colocados no Circuito Mundial, estava em jogo a liderança do ranking após as provas da Austrália.

Ítalo brilhou durante a perna australiana. Principalmente em Newcastle quando esteve imbatível e nem mesmo Medina foi capaz de pará-lo na final.

Um nono lugar em Narabeen e um quinto em Margareth River tiraram um pouco do brilho da sua campanha, mas o fato é que Ítalo é o surfista mais progressivo da atualidade e o único que tem um retrospecto favorável contra Gabriel. E para alguém tão competitivo como Gabriel isso serve de incentivo.

Na semifinal em Rottnest os dois começaram a bateria acelerando. Gabriel logo pegou uma boa esquerda. Trocando de direção e usando as duas bordas da sua prancha, ele acertou uma combinação de 3 manobras fortes: 8.50. Bingo!

Um pouco depois Ítalo pegou uma esquerda, que seria sua melhor onda na bateria: 6.17. Muito pouco para alguém com ele. A partir daí ítalo decidiu pegar a prioridade e esperar por uma onda da série. Já Gabriel adotou uma estratégia diferente. E sem se importar com a prioridade pegou uma onda atrás da outra.

No decorrer da bateria tanto Gabriel quanto Ítalo caíram em algumas de suas ondas. Ítalo arriscou um aerial de backside, mas não conseguiu completar. Gabriel colocou pra dentro de um tubo e não encontrou a porta de saída. Ambos pagaram o preço por arriscar manobras radicais.

Faltando cerca de 14 minutos Gabriel pegou uma direita, foi pra um aéreo com rotação e aterrissou no flat para trocar um 3.6 por um 4.83.  Enquanto isso, Ítalo mantinha a prioridade e aguardava pacientemente por uma onda. E enfim ela veio. Uma esquerda. O atual campeão mundial arriscou um aéreo, mas não conseguiu completar.

Enquanto isso, Gabriel continuava sem se preocupar com a prioridade. E quando faltava cerca de 8 minutos ele dropou uma esquerda, acelerou na primeira sessão, abriu a base e arriscou um aéreo: 5.20.

O tempo passou e Ítalo não conseguiu trocar uma nota 1,00. Vitória de Medina que assim estava em sua quarta final – em cinco possíveis – nesta temporada. Um fenômeno!

Gabriel Medina

GABRIEL MEDINA: O MELHOR SURFISTA EM DIA DE FINAIS

Indiscutivelmente Gabriel Medina foi novamente o melhor surfista no dia das finais. Invariavelmente arriscando manobras radicais, sempre em alta velocidade, nas partes mais críticas das ondas.

Na bateria final Gabriel enfrentou mais uma vez Morgan Cibilic. Os dois já tinham se enfrentado nas semifinais em Newcastle e nas quartas de final em Narabeen. E em ambas oportunidades Gabriel levou a melhor. Mas Morgan foi ganhando confiança durante a perna australiana.

Mas na final em Strickland bay não foi diferente: Medina entrou com tudo. E logo na sua segunda onda deixou claro que sua estratégia seria arriscar manobras radicais nas partes mais críticas das ondas. Mais uma vez sem se importar com a prioridade, Medina saiu pegando uma atrás da outra. Depois de cair nas suas primeiras ondas, o bicampeão mundial encontrou um esquerda. E depois de completar 3 manobras marcou 7.00, sua melhor onda até então. Morgan veio na de trás e marcou 7.27, a melhor onda da final… pelo menos até aquele momento.

Gabriel continuava liderando na soma das duas melhores ondas. Morgan precisava de uma nota 8.24 para virar o resultado a seu favor. E quando faltavam menos de 20 minutos, Medina – sem prioridade – pega outra boa e completa 3 manobras usando a borda e trocando de direção em alta velocidade nas partes críticas da onda. Os juízes lhe dão um 8.5. E o brasileiro passa a ter a melhor onda da final.

Enquanto Medina continuava optando por pegar várias ondas, sem se preocupar com a prioridade, Morgan preferiu esperar pelas séries… Mas elas não vieram e o brasileiro foi a campeão.

Quem dúvida que a próxima etapa, na piscina de ondas do Tio Kelly, será vencida por um brasileiro, levanta a mão.

Deixe uma Resposta