Casa Boardsports Wakeboard Wakesurfe: o surfe onde não tem onda
Wakesurfe: o surfe onde não tem onda

Wakesurfe: o surfe onde não tem onda

O wakesurfing ou simplesmente wakesurf, tem uma história um pouco “conturbada” quando se refere a sua criação. Várias pessoas e empresas afirmam que fizeram a modalidade, e não se sabe ao certo quando tudo começam. Entretanto, o eu se sabe é que o Wake acontece onde não tem onda.

Alguns especialistas e historiadores apontam para década de 20 como um possível início, no entanto, nenhuma evidência comprova o fato. E surfistas nas décadas de 50 e 60 aparecem em imagens e mídias impressas em pranchas atrás de barcos.

De acordo com a Associação Internacional de Wakesurf, nos anos 60 vários fabricantes de pranchas de surf reivindicaram a construção de pranchas específicas para modalidade.

A prática do wakesurf continuou ao longo dos anos 70 e 80, com as pranchas sendo desenvolvidas para formas mais curtas. Na medida em que as pranchas encurtavam progressivamente em comprimento, usando a tecnologia do windsurf, muitos praticantes começaram a usar dispositivos montados na prancha para amarrar e prender os pés no lugar.

EMBARCAÇÕES EXCLUSIVAS PARA MOBILIDADE DO WAKE

O crescimento e o apelo de massa do wakeboard levaram a indústria de embarcações a avançar na tecnologia para aumentar o tamanho dos wakes. Isso, por sua vez, proporcionou uma oportunidade para o wakesurf emergir das sombras mais uma vez.

Vários pioneiros do esporte como Tim Lopes, Jerry Price, Jeff Page, Rick Lee, Mark Sher e outros, são conhecidos por estarem na vanguarda do wakesurf moderno. A primeira patente de design dos EUA para um wakesurf foi concedida a Alfonso Corona em 1997.

Tony Finn

WAKEBOARD, O SURF PUXADO POR UM CABO

A modalidade surgiu nos EUA, em 1979, pelo californiano Tony Finn. O wake era chamado de “skurfing”, no qual os surfistas locais surfavam rebocados por um barco em dias de poucas ondas. Anos depois os norte-americanos Herb O’ Brien e Eric Perez criaram pranchas de wakeboard que pudessem ter um rendimento melhor do que as existentes. Em 1988, após várias tentativas, eles criaram uma prancha específica (Hyper XP), capaz de permitir maior velocidade e maior aproveitamento das manobras.

Eric Perez, usando a sua invenção, foi campeão mundial em 1989. No ano seguinte, com um novo modelo: a Hyperlite S, Eric Perez conquistou o bicampeonato. As duas pranchas eram muito parecidas. Ambas tinham bordas retas (quadradas) e eram fabricadas em fibra de vidro e poliuretano de alta densidade, feitas em moldes prensados.

Nos anos 90, surgiram novos modelos de wakeborders, criadas por Perez e pelo norte-ameircano Darin Shapiro. A prancha Shapiro fez o maior sucesso. Com ela, Darin venceu os quatro campeonatos mundiais seguintes.

Depois da chegada do “skurfer” em 1987, o wakeboard foi trazido ao Brasil em 1990, por Roberto Pereira Leite, o Betinho, que presidiu a Associação Brasileira de Wakeboard (ABW). Roberto, inclusive, é primeiro brasileiro a fazer o flip (salto com uma cambalhota completa).

Marcelo Giardi, Marreco

OS WAKEBOARDERS DO BRASIL

Quando se fala em esportes de prancha o Brasil conquista tudo que quer. Isso mesmo. Tudo. No wakeboard não seria diferente. Marcelo Giardi, o Marreco, é um desses atletas que conseguiu se destacar em um esporte que não era tão conhecido para os brasileiros. Esquiava desde os cinco anos com o pai e por consequência, no ano de 1996 se encontrou com o esporte.

Desde então, com a organização do wakeboard no país e com a realização do primeiro circuito brasileiro, em 1998, Marreco foi consagrado com cinco títulos nacionais. Foi campeão brasileiro em 1998, 1999, 2000, 2002 e 2006. Quinto lugar na etapa brasileira do Circuito Mundial da WWA em 2009.

Giardi escreveu seu nome na história da participação do Brasil nos Jogos Pan-Americanos, no Pan do Rio de Janeiro, em 2007. O brasileiro superou o canadense Brad Buskas e conquistou a medalha de ouro no wakeboard, na primeira vez que a modalidade esteve presente na competição. Depois, como um dos representantes do país nos Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, no México, ganhou originalmente a medalha de bronze, mas após a desclassificação de um esquiador canadense por doping, herdou a medalha de prata.

Mariana Nep

DOMINÂNCIA DAS MULHERES NO BRASIL

A paixão por vencer está na família do Marreco A sua esposa, Mariana Nep, é campeão do mundo de wakeboard de 2019. Nep conquistou o título em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, categoria master. A wakeboarder tem diversas medalhas e títulos: medalha de bronze dos jogos Pan-Americanos, vice no Sul Americano, tri paulista e o bicampeonato brasileiro.

Marreco não é o único grande nome no esporte. A jornalista Teca Lobato, é simplesmente oito vezes campeã brasileira de wakeboard, superando o próprio Marreco que tem “apenas” cinco títulos. Teca é mineira e começou a andar de wake com o seu irmão. Além de excelente competidora, ela organiza e julga etapas em todo o Brasil. Atualmente é proprietária da escola e loja de wakeboard B.Wake e nos últimos anos tem focado na realização de matérias sobre os esportes de prancha que pratica para diversos veículos de mídia.

Cable Parks

A IMPORTÂNCIA DE BRASÍLIA

Os moradores de Brasília sempre chamam a atenção para o Lago Paranoá. Por lá você sempre vê uma pessoa atrás de uma lancha surfando a onda que se forma na parte de trás do barco, os chamados “surfistas do cerrado”. A prática de wakesurf e wakeboard é bastante comum na capital do país. Por lá acontece a tradicional etapa da modalidade que conta com atrações musicais, exposições artísticas e muito mais.

Esse evento nasceu em 2002 e leva competidores de todo o país, de amadores a profissionais. André Romão, um dos precursores do esporte no Brasil, achou que os surfistas da capital deviam parar de “pedir emprestada” a praia dos outros para realizar competições e aproveitar o lago. De lá para cá, o wakesurf foi disseminado Brasil a fora e seguiu evoluindo, tanto no que diz respeito a equipamentos – como sistemas que interferem no tamanho ou formato das ondas – quanto no aperfeiçoamento da técnica.

Lago Paranoá

Colaborou / Texto Lucas D’Assumpção

Deixe uma Resposta