Morreu Tom Morey, o inventor do bodyboard, que ficou com seu próprio nome ligado à prancha utilizada para prática esportiva da modalidade. Tom faleceu aos 86 anos de idade, em decorrência a problemas de saúde que enfrentava nos últimos anos.
É inegável que o bodyboard é a prancha de entrada de muitos que se tornam surfistas, não à toa chamada de “prancha do povo”. O “surf deitado” – boadyboard – também é o preferido das crianças, ou melhor, pelos pais das crianças, que vem um jeito mais amigável para os filhos brincarem no mar.
E toda essa história começou com Tom Hugh Morey, que lançou em 1971 no Havaí a prancha de bodyboard, que ele chamou de “boogieboard”. A identificação com o inventor é tamanha, que mais de 50 anos depois, o esporte ainda está relacionado ao próprio nome do seu criador, a icônica prancha de “Morey Boggie”.
É fato que a totalidade das pessoas que “brincam” de surfar de bodyboard, naquela diversão à beira d’água, chamam a prancha de Morey.
SURFISTA, ENGENHEIRO, MÚSICO, SURFISTA
Engenheiro, músico, inventor e surfista, Tom Morey nasceu em Detroit em 1935, e celebrou seu aniversário de 86 anos no último dia 15 de agosto.
Tom se mudou com a família para Califórnia e passou grande parte de sua vida na charmosa cidade de Laguna Beach. Foi lá que ele se apegou pelo mar e começou a sua história deslizando sobre as ondas agarrado em um colchão inflável.
Com amor à primeira vista pelo surf, Tom Morey evoluiu rapidamente e ganhou destaque em cima de pranchas de longboard – que ele mesmo fazia.
E com talento para inovação, acabou responsável por muitas inovações tecnológicas de forte impacto no desenvolvimento de equipamentos do surf. Uma das criações, pioneiras, saiu em formato de uma prancha feita com favos de papelão, que chegou a ser vendida na Velzy and Jacobs Surfboards.
MATEMÁTICA, HAVAÍ E CASAMENTO: BOOGIEBOARD
Nos anos de 1960, Tom Morey tinha muito apreço por tocar em sua banda de jazz, enquanto trabalhava como salva-vidas em Laguna. Os estudos o levaram para universidade, onde se formou doutor em Matemática.
Tom foi para o Havaí em 1970, e ligado ao Budismo elegeu o North Shore como seu Lar Espiritual. Foi lá que ele conheceu Marchia Nichols, com quem se casou e estabeleceu família.
E na precisa data de 7 de julho de 1971, despretensiosamente, Tom revelou ao mundo a invenção que deixaria o esporte surf muito mais acessível.
“Eu tinha uma garagem cheia de materiais, com espumas de poliuretano. Eu estava sem prancha e sem dinheiro e precisava de algo para surfar. O surf estava a 30 metros de onde eu morava.” – declarou Morey em entrevistas.
Então, o “shaper” cortou ao meio um pedaço de espuma de poliuretano mais de 2 metros, embalou com folhas do jornal de notícias local Honolulu Advertiser, adicionou cola e usou um ferro de passar roupas para criar uma capa protetora para evitar que o bloco se desfizesse no contato com a água.
O primeiro protótipo de prancha de bodyboard estava pronto! E esse legado do Tom Morey, chamado de boogieboard, mudou o mundo.
BOOGIE-WOOGIE NO RITMO SALGADO DAS ONDAS
Tom Morey intitulou o nome da prancha como “boogieboard” pelo seu gosto musical. “Boogie” é um estilo musical de ritmo acelerado, contudo de compassos simples, originário das raízes do Blues.
Boogie-Woogie é um desses estilos saídos do blues, difundido como uma vertente do Jazz, cujo piano é o instrumento principal. Acompanhados das chamadas Big Bands, verdadeiras orquestras com sopros, percussão e cordas, os grupos chegavam a ter até 3 pianos em sua formação. Diferentemente do blues, emotivo, melancólico e intimista, o Boogie-Woogie é um ritmo para se dançar – frenético movido pelo jogo de pernas.
Não é fácil determinar a origem do estilo, pois tinha a criação marginalizada – raiz da cultura negra norte-americana –, mas surgiu em meados da passagem do séc. 19 para o séc. 20. E remonta aos anos 1930 nos estados da Louisiana e do Texas, nos Estados Unidos.
Tom Morey foi para a água testar a aprovou a invenção e correu maravilhosamente bem pelas ondas do Havaí. A sua esposa Marchia Nichols, que estava grávida de 8 meses, viu a performance e ficou entusiasmada pelo surf e quis experimentar o boogieboard.
“Marchia, minha esposa, disse na época: ‘Quero experimentar!’ Ela estava animada porque, apesar de estar grávida de 8 meses, adorava surfar. Ela foi a segunda pessoa a experimentar.”
ASSISTA ABAIXO UMA CLÁSSICA APRESENTAÇÃO DE BOOGIE-WOOGIE – “DANCIN’ THE BOOGIE”, com o pianista Silvan Zingg e os dancarinos Will & Maéva
VERT MAGAZINE: HOMENAGEM A TOM MOREY
“O dia começou com um vendaval terrível e as ondas, desordenadas e sem força, não ultrapassavam os dois pés de altura.
Em Kailua, cerca de 20 km a nordeste de Honolulu, capital do Havai, um homem trabalhava num pedaço de polietileno partido, na esperança de criar um molde que lhe permitisse deslizar nas ondas.
Uma manhã bastou e, à hora do almoço, já se encontrava pronto para estrear a sua obra-prima.
As fracas ondas que davam à costa não o demoveram e, de pés-de-pato na mão e com um bloco debaixo do braço, o homem lança-se ao mar.
Tom Morey era o seu nome e, através da sua criatividade, o bodyboard acabava de nascer, a 7 de julho de 1971.”
“Eu era apenas uma homem que estava na praia, com um pedaço de espuma e uma navalha na mão, e precisava de algo para surfar” – Tom Morey
Por Vert Magazine, mídia portuguesa especializada em bodyboard.
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