Surfistas protestam contra a WSL

Surfistas protestam contra a WSL

O assunto não é novo, mas será uma grande novidade o polêmico corte de surfistas do ranking da WSL no meio da temporada de 2022. E agora que está chegando a proximidade da data do facão no número de atletas do Tour, o assunto esquentou de vez.

A insatisfação que era velada, tomou corpo oficial com o envio de uma petição assinada por trinta surfistas que pedem o fim da regra à World Surf League.

A notícia foi dada em primeira mão no Brasil pelo jornalista Renato de Alexandrino, de O Globo, que teve acesso ao Ofício enviado à entidade máxima do surf.

Na prática, dos 36 homens que disputam o Championship Tour, apenas os 24 melhores seguem na disputa pelo troféu do título mundial após o evento de Margaret River, 5ª e próxima etapa do Tour – além de garantirem classificação direta à elite do tour em 2023. No caso das mulheres, o número vai cair de 18 para 12 surfistas.

A redução começa valer na cobiçada etapa de G-Land, na Indonésia, no final de maio.

Filipe Toledo e Tyler Wright comemoram com o tradicional sino de Bells Beach na Austrália. O brasileiro ocupa a 1ª colocação no ranking da WSL. A australiana é a 2ª entre as mulheres. Foto @WSL / Ed Sloane

APENAS OS 24 MELHORES NAS ONDAS DE G-LAND

Na carta assinada pelos atletas, uma das reclamações recai sobre os problemas financeiros que “um grupo considerável de surfistas” vai enfrentar com a saída da elite.

O texto cita o impacto nos contratos de patrocínio e a maior dificuldade em reclassificação para 2023. E questiona a premiação das etapas do Challenger Series, “muito abaixo do esperado quando o novo formato foi aprovado”.

A WSL se colocou à disposição para conversar com os surfistas, mesmo depois de responder que não abre a menor chance de voltar atrás sobre o corte no ranking. Segundo a entidade, o redesenho do Circuito foi uma decisão tomada em julho de 2020 – após longas considerações com a World Professional Surfers (WPS), que representa os surfistas.

Renato de Alexandrino twittou em sua conta pessoal: “A WSL respondeu por carta, a que também tive acesso. Nega veementemente qualquer possibilidade de acabar com o corte e cita que seria destrutivo para a entidade e o esporte voltar atrás”.

A verdade é que, com o regulamento mantido, só vai existir mais uma chance de somar pontos para evitar o rebaixamento, que é a etapa de Margaret River Pro, também na Austrália, com janela entre os dias 24 de abril e 4 de maio.

Outro ponto polêmico é sobre o que vai acontecer com os surfistas lesionados. O brasileiro Yago Dora e o australiano Liam O’Brien, por exemplo, que sequer competiram em 2022 por lesões, se não receberem convites da WSL, estarão fora da temporada 2023 caso não se classifiquem pelo Challenger Series. Se antes esse era um assunto que tinha clareza dentro da WSL, agora essa dúvida paira no ar.

GABRIEL MEDINA E A SAÚDE MENTAL DO TOPS

Outra questão discutida em todas as rodas de conversa é sobre a participação de Gabriel Medina na elite do surf depois do corte. O brasileiro tricampeão mundial alegou estar com a saúde mental abalada para ainda não correr no Tour em 2022 – depois de enfrentar problemas pessoais e familiares.

Outro trecho destacado por De Alexandrino, diz que: “Alguns surfistas nem terão a chance de competir, depois de trabalhar e investir tanto para se classificar. Muitos ainda estão surfando e competindo machucados para tentar a reclassificação”.

E continua. “Não é saudável para atletas de elite competir em tantos eventos num período tão curto de tempo. Muitos estão exaustos mentalmente”.

No caso de Gabriel Medina, um fenômeno midiático do esporte, a pergunta que fica é: Será que a WSL teria coragem de tirar o Tricampeão Mundial do Tour? A resposta: provavelmente, não.

O fato é que a mudança nasceu polêmica e virou um problemão com a contagem regressiva para o corte. E rumores ventilam que até um boicote por parte dos atletas pode acontecer.

Entre os brasileiros, se o corte acontecesse hoje, estariam classificados, Filipe Toledo (1º), Italo Ferreira (7º), Caio Ibelli (9º), Miguel e Samuel Pupo (10º e 18º). E sairiam os nossos outros cinco competidores do Tour, João Chianca (25º), Deivid Silva e Jadson André (28º), Gabriel Medina e Yago Dora (41ª), que estão segurando a lanterna do ranking.

Faltam apenas 5 dias para Margaret River começar. O mundo do surf está ansioso pelo desfecho dos próximos capítulos.

ASSISTA O VÍDEO DE HIGLIGHTS DAS FINAIS DO RIP CURL BELLS BEACH PRO, QUE CONSAGROU FILIPE TOLEDO COM O TÍTULO DA ETAPA E O COLOCOU NO TOPO DO RANKING DA WSL.

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