Filipe Toledo e Gabriel Medina disputaram uma final 100% brasileira na piscina de ondas do Surf Ranch, em mais uma conquista que consolida o domínio do brasileiro no surf mundial. Foi a segunda vitória de Toledo neste ano e agora ele está em terceiro lugar no ranking da WSL.
“É uma sensação incrível disputar uma final contra o Gabriel “, declarou Filipe Toledo.
Foi a terceira final consecutiva que os dois brasileiros disputaram em ondas artificiais. Depois de duas vitórias de Medina (2018 e 2019) – em 2020 a prova não foi disputada por causa da pandemia – e agora Filipe Toledo levou a melhor. Resumindo: os brasileiros são e continuam sendo os “Reis” da piscina. Principalmente Filipe e Gabriel.
A rivalidade entre os dois é proporcional ao respeito que um tem pelo outro. E Gabriel já declarou que Filipe é o surfista que ele mais gosta de ver surfando na “piscina do Tio Kelly”.
O MUNDO VIROU A PISCINA DE ONDAS DOS BRASILEIROS
Gabriel Medina fez sua quinta final na temporada, disparou na liderança do ranking com 46.720 pontos e já está matematicamente classificado entre os top 5 que irão disputar o título mundial, entre os dias 07 e 17 de setembro, em Trestles, no sul da Califórnia.
“Este ano tem sido uma jornada incrível! E eu estou aproveitando cada momento”, disse Gabriel Medina no The Surf Ranch.
Ítalo Ferreira ficou em 9 lugar e é o vice líder do ranking da WSL. Ou seja, três brasileiros entre os três primeiros do ranking mundial.
E vale lembrar que a WSL mudou o formato do circuito mundial nesta temporada. E desta vez, os top 5 do ranking, após a etapa do Tahiti, irão decidir o título mundial num evento único, mesmo formato para as categorias masculina e feminina.
Se o circuito acabasse agora, teríamos 3 brasileiros – Gabriel, Italo e Filipe – além do australiano Morgan Cibilic e do americano Griffin Colapinto disputando a grande final em Trestles.
Na categoria feminina, Tatiana Weston Webb – a gaúcha havaiana – está em quarto lugar no ranking e tudo indica que estará representando o Brasil no páreo final.
FILIPE TOLEDO INSPIRADO NO EXPERIMENTAL EM THE RANCH
Filipe estava inspirado durante todo o evento. E chegou na piscina com uma novidade… Enquanto os demais surfistas usaram pranchas com 3 quilhas, Filipe optou por uma de 4 quilhas, de isopor, resina epoxi e fibra de carbono. Super leve. Um pouco menor e com menos volume do que o normal. E que parecia estar funcionando muito bem debaixo dos seus pés.
“Ela é rápida e eu sinto muita segurança nas manobras”, explicou o campeão Filipe Toledo.
De fato Filipe estava mais rápido e fazendo um maior número de manobras do que a maioria dos seus adversários. E sua performance durante todo o evento foi praticamente irretocável.
O ano de 2021 está sendo de recuperação para Filipe Toledo. Depois de passar os últimos dois anos tratando de algumas lesões, Filipe declarou estar totalmente recuperado e seus resultados mais recentes apenas confirmam a sua atual boa forma:
“Eu estou 100% fisicamente”, declarou Filipe Toledo durante a entrega de prêmios.
Os dois brasileiros confirmaram às expectativas e dominaram a prova desde a primeira rodada. E ficou claro que Medina – que até então jamais havia sido derrotado na piscina – seria o único capaz de impedir a vitória de Filipe.
GABRIEL MEDINA SOBRA NO MUNDO CHAMADO MUNDIAL DE SURF
Na bateria final Gabriel teve a chance de virar o resultado na sua última onda da segunda volta, mas acabou caindo na esquerda. Por outro lado, Filipe surfou suas duas melhores ondas (8.27 e 9.67) na segunda volta e conquistou sua primeira vitória na piscina depois de 3 finais consecutivas contra Medina. (Nota do editor: inclusive em uma outra edição, a primeira realizada na piscina do Kelly, chamada “The Test”, mais uma entre Medina campeão e Filipe vice.)
Durante a entrega de prêmios Medina disse que precisa descansar: “Estou exausto”, declarou. O fato é que desde dezembro, quando disputou a final contra John John Florence, em Pipeline, Gabriel não parou de viajar. Depois de quase 3 meses na Austrália e um “pit stop” em El Salvador para disputar o “ISA Games”, Medina voltou ao “The Surf Ranch”. “Agora tudo o que eu quero é ir pra casa”, declarou Gabriel.
“Estou exausto, agora tudo o que eu quero é ir pra casa”, declarou Gabriel Medina ao final do evento.
No final das contas, a rivalidade entre Gabriel e Filipe nas ondas artificiais apenas ficou mais acirrada depois da etapa da piscina deste ano.
UMA ONDA MUITO RÁPIDA, TUBULAR E QUE SUGA O MENTAL
As ondas da piscina demandam muito dos surfistas. Técnica, física e também mentalmente. Mesmo se tratando dos melhores do mundo todos eles ficam exaustos. A onda é muito rápida e tubular, tem cerca de 40 segundos de duração e está sempre desafiando a capacidade de concentração dos surfistas.
“Minhas pernas estão doendo. Eu não conseguiria pegar outra onda”, confessou a francesa Johanne Defay, campeã da etapa.
Outro destaque na piscina foi o catarinense Yago Dora. Depois de boas apresentações na perna australiana – quando fez 3 quartas de final – Yago chegou a piscina como um dos favoritos. E pegou a melhor onda de todo o campeonato.
Yago surfou uma esquerda (9.73) com muito estilo, usando a borda de sua prancha, trocando de direção na hora certa e com um repertório variado de manobras. Incluindo 3 aéreos. Um arsenal completo. Yago está na fila para um grande resultado. E esta fila vai andar. É só uma questão de tempo.
A VOLTA DO “GOAT”: KELLY SLATER
Aos 49 anos de idade Kelly Slater voltou a competir na etapa da piscina. Também conhecido como GOAT (Greatest Of All Time – Maior De Todos os Tempos), Slater teve um início promissor na atual temporada, com um terceiro lugar em Pipeline. Mas não disputou a perna australiana porque estava machucado.
O fato é que com quase 50 anos de idade Slater está conhecendo os limites do seu corpo.
E sofrido algumas lesões, principalmente nestes últimos 4 anos. A ironia do destino é que com as contusões John John Florence e Kolohe Andino – os dois que se classificaram para defender os EUA nas Olimpíadas – Kelly pode acabar substituindo um dos dois em Tóquio. Mas para isso ele terá que conseguir se manter saudável até lá.
Sócio e mentor intelectual da piscina de ondas, Kelly conhece como ninguém a onda que ele ajudou a criar. E todos estavam curiosos para saber como seria a volta do “The Goat” às competições num lugar que ele chama de casa. No final das contas, Slater usou uma “quad” – mesma opção de Filipe Toledo – e ficou em quinto lugar.
A próxima etapa da WSL será disputada no dia 10 de agosto, no México. Logo depois da realização das Olimpíadas de Tóquio – 23 de julho a 08 de agosto – quando o surf irá estrear como esporte olímpico. Em Tóquio o Brasil será representado por Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Tatiana Weston Webb e Silvana Lima. E tudo indica que a tempestade brasileira irá atingir as ondas japonesas. Medalha de ouro à vista? A chance é boa. Principalmente se o atual domínio brasileiro na WSL for replicado nas ondas japonesas.
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