Alma Surf nas montanhas

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SNOWBOARDING PARA PRINCIPIANTES

Ok, você se interessou pelo snowboarding? está afim de dropar essa? Aqui vão algumas dicas do snow-rider brasileiro André Cywinski para quem quer se interar da coisa.

Definição do esporte e equipamentos

 

Seguindo as tendências do surf, o snowboard é praticado sobre uma prancha, “double tail” de superfície plana e sem quilhas. Pode ter medidas variadas geralmente em torno de 1,60 metros. Os pés são fixados à prancha através de presilhas (bindings) que são fabricados com diferentes materiais. É difícil estabelecer o material adequado a utilização neste esporte, pois como no surf, a evolução é extremamente rápida e a cada ano surge uma novidade. Como trata-se de um esporte que mantém os pés presos à prancha foi necessário o  desenvolvimento de botas adequadas à sua utilização, que fazem com que o atleta diminua a possibilidade de torções e fraturas no momento das “vacas”. Torna-se imprescindível também a utilização de roupas adequadas para a prática, que são compostas por calças, jaquetas e luvas de material impermeável e resistentes à temperaturas negativas. Os óculos, chamados de “goggles” são muito similares aos utilizados no motocross. E o último item é o gorro, que irá proteger as orelhas do frio intenso. É recomendada a utilização de capacete e outros equipamentos para proteção de algumas partes do corpo, embora poucos o façam.

 

Manobras

 

O Snowboard depende da inclinação da montanha. Não é preciso esperar a onda nem utilizar os pés para impulsionar a prancha, e as manobras são compostas por uma mescla do surf e do skate. Por um lado utiliza-se da liberdade de dropar montanha a baixo rasgando suas paredes imensas, fazendo bottoms de back e de front…por outro lado os saltos -“jumps” e deslizes sobre obstáculos pré-fixados na montanha trazem a sensação e a adrenalina do skate. As manobras mais utilizadas são as de “grab” (agarrar a prancha), “spins” (giros laterais variando de 180º a 1080º até então) e “flips” (saltos mortais), em movimentos de rotação. As manobras de maior nível de dificuldade no momento são aquelas que misturam flips, spins e grabs de uma só vez. Para dificultar um pouco mais a situação, alguns “riders” (como são chamados os atletas de snowboard), vêm desenvolvendo manobras deste grau de dificuldade nas duas bases, ou seja, como regular e como goofy.

 

O treinamento de um atleta brasileiro

 

Como não temos neve por aqui,  treinar é um pouco complicado, embora nos últimos anos tenham sido introduzidas técnicas para facilitar a vida dos atletas tropicais. Um bom exemplo disso, é a utilização da cama-elástica para treinamento e aperfeiçoamento de manobras. Este equipamento faz com que o atleta desenvolva noções corretas de posicionamento e rotação no ar, durante a execução das manobras. É mais utilizado para treinamentos de atletas que buscam melhorar manobras de saltos ou jumps. O movimento de salto na cama-elástica é muito parecido com o salto na neve, sendo que o posicionamento e a flexibilidade dos joelhos são idênticos.

 

Outra maneira e talvez um pouco mais apropriada a nós, é a prática do surf. O surf traz ao atleta de snowboard a perfeita combinação do equilíbrio e do  balanço sobre a prancha e destacando a “rasgada” como identidade única nestes dois esportes. O skateboard e o wakeboard são outros esportes que tem alta similaridade com o snowboard e também são muito utilizados por atletas em seus treinamentos.

 

Relação com o surf

 

Lembro-me como se fosse ontem da primeira vez que fui fazer snowboard. Foi em 96, quando morei por um ano em um país bem ao norte da Europa chamado Noruega. Após longas horas de aula de norueguês assistindo a neve cair do lado de fora, fui convidado por um grupo de amigos a ir a montanha experimentar o tão sonhado esporte. Sendo skatista há dez anos e surfista  assíduo aos finais de semana, não pude recusar este convite que, sem saber, estaria me trazendo de volta as raízes: O Surf.

Logo de início o primeiro ‘flash back”. Ao ver a galera amarrando as pranchas ao “rack” no teto do carro, logo relembrei das várias surftrips que aconteceram nos últimos anos. Já no alto da montanha com a prancha atada aos pés e pronto pra fazer a primeira de uma longa série de descidas tive uma sensação incrível; meus olhos brilhavam com a beleza natural e verdadeiro branco do local. Em seguida, firmei a visão a fim de determinar onde esta imensa onda iria terminar. Não foi possível!! Aos primeiros deslizes metros a baixo, o verdadeiro prazer e a adrenalina se misturam. A parede é imensa e o lip inacabável. O “cut -back” levanta um rastro de neve lavando quem está abaixo. Após dez minutos de parede contínua, chegamos ao fim da montanha e uma conclusão um tanto quanto óbvia ficou clara para mim: Neve, não é nada mais que água congelada.

 

Para praticar…

 

Sendo um brasileiro, a melhor forma de se praticar Snowboard é nas montanhas do Chile e da Argentina durante a temporada de inverno no hemisfério sul ou seja, entre o final de junho e o início de setembro de cada ano. Existem pacotes turísticos para todas as estações de esqui nestes países e geralmente são compostos por passagem aérea, 07 (sete) noites de hotel com regime de meia pensão e uso ilimitado dos meios de elevação na montanha, conhecidos por nós como “teleféricos” e que sem eles o esporte não existiria. Estes pacotes giram em torno de US$ 1500 e podem ser encontrados na maioria das agências de viagens do Brasil.

 

Por outro lado, há maneiras de tornar sua snow trip um pouco mais econômica. O percurso ao Chile e a Argentina pode ser feito de ônibus ou até de carro, de acordo com seu espírito e força de vontade, embora a diferença de gastos comparada ao trecho aéreo não é tão grande. A economia surge a partir do momento em que a estação de esqui escolhida não seja a mais badalada e aquela em que se opta hospedar-se em casas alugadas no centro da cidade. Existem diferenças básicas tais como o fato de ter que ir ao mercado comprar comida, cozinhar e não ter nenhuma regalia de hóspede de hotel. Os hotéis costumam ser no pé da montanha e muitas vezes o centro da cidade fica cerca de 10 km distante, embora existam transportes de ida e volta continuamente. Esta opção é seguramente um pouco mais barata, fazendo com que o novo pacote que não inclui alimentação porém inclua equipamentos de snowboard caia para cerca de US$1200.

 

Se tiver uma condição financeira um pouco melhor, vale a pena buscar picos  como Whistler (Canadá), Chamonix (França), variadas montanhas na Califórnia  (EUA) ou ainda Andorra, um principado que localiza-se entre as bordas da  Espanha e da França e que é um verdadeiro Paraguai de 1º mundo, onde não há  impostos incluídos aos preços e pode-se comprar todo tipo de produto pela  metade do preço.

 

André Cywinski

(Seleção Brasileira de Snowboard)

e-mail: snowbrasil@hotmail.com

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